terça-feira, dezembro 27, 2005

Maiakovski

O AmorUm dia, quem sabe, ela, que também gostava de bichos, apareça numa
alameda do zôo, sorridente, tal como agora está no retrato sobre a mesa. Ela é
tão bela, que, por certo, hão de ressuscitá-la. Vosso Trigésimo Século
ultrapassará o exame de mil nadas, que dilaceravam o coração. Então, de todo
amor não terminado seremos pagos em inumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me, nem que seja só porque te esperava como um poeta, repelindo o
absurdo quotidiano! Ressuscita-me, nem que seja só por isso! Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe! Para que o amor não seja mais escravo de
casamentos, concupiscência, salários. Para que, maldizendo os leitos, saltando
dos coxins, o amor se vá pelo universo inteiro. Para que o dia, que o sofrimento
degrada, não vos seja chorado, mendigado. E que, ao primeiro apelo: - Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira. Para viver livre dos nichos das casas. Para que
doravante a família seja o pai, pelo menos o Universo; a mãe, pelo menos a
Terra.